Este texto não será um marco na literatura brasileira nem ao menos vai tocar a sua alma, esse texto é meu. E se você não quiser ler as minhas observações, fique a vontade pra ler Clarice Lispector e achar que descobriu a roda.
O que me incomoda na alma, realmente na alma, o que na alma me incomoda, o que não deixa minha alma em paz, o que faz a minha alma vir pra fora, o que faz o fora ser tão alma mas tão junto que incomoda, é gostar do que sou. Gosto do que sou por alma, do que sou por fora e sofro por não ter coragem de me tornar aquilo que tanto desejaram que eu me tornasse: Uma loira magérrima, que fala baixo, que ri das piadas dos outros, que só gosta de músicas calmas, que alisa o cabelo, uma mulher bonita. Não fui. Gosto do que sou e ao mesmo tempo sofro por gostar de mim, pois eu já me convenci milhares de vezes que se eu tivesse sido, estaria bem melhor. Não sou. Gosto disso a tal ponto que sofro, que a minha alma sofre, que incomoda minha alma a tal ponto que sofro por querer ser o que não sou e gostar do que sou. Uma pergunta que não exige resposta é uma pergunta retórica e só serve pra salientar aquilo que você já sabe. E se você já foi tão tocado mil vezes, já mergulhou como ela mergulhou, sabe. E não pense que esse texto é sem sentido, desconexo ou algo do tipo. Gosto do que sou, não queria ser o que sou, não vou mudar. Não sobrevivi ao efeito da merda do bulling. Sou complexada, luto diariamente contra eles, os entendi, sei o que sou, gosto do que sou, e queria ser algo que não gosto. E isso incomoda tanto a alma que sabe que vai ser chamada de negativa, veja o lado positivo: Escrevo assim porque quero. Não li, não me rendi, não quero saber de Clarice, a minha cometeu suicídio, duplo.